O cachorro Genivaldo


Lá vão suas patas, lambidas com o resto da sua última refeição, uma linguiça sebosa enfiada na goela. Ele anda num mato sem cachorro, na sua fria solidão; ninguém quem o aqueça, exceto o sol escaldante fervendo que nem chapa quente. Cachorro corajoso; no meio dia queima suas patas, mas não perde a esperança. Pobre animal. Quem vê não acredita. Tamanha coragem, enfiando o focinho a tapa nesse mundo que esmurra seu sentido canino, menospreza seu olfato por sucesso. O seu corpo de tanto trotear manco pisando nas agruras da vida, envergou como uma fantasma decrépito. Para ele só lhe resta esperar, esperar que alguém veja algo além de pêlo, pulga e sarna, um ser digno de ser chamado Genivaldo. Que nome para um cachorro! Que nome...

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas